Dia das Mães sem minha filha.
Domingo, é o dia das mães, e pela
primeira vez, não há motivos para comemorações aqui em casa. Embora tenha uma mãe maravilhosa, e mais uma filha fantástica, não posso festejar essa data como fiz todos esses anos, antes como filha, e há alguns anos também como mãe.
Dia 19 de maio
completar-se-a cinco longos e
tenebrosos meses que não vejo minha filha. Além disso, e para piorar a
situação, também não tenho qualquer notícia de Maria Clara, não sei se minha
filha está bem, se tem chorado, se está
bem de saúde física. Emocionalmente, com certeza ela não está bem. Que criança
estaria bem depois de ser arrancada dos
braços da mãe às vésperas de natal, sem que lhe fosse dada qualquer explicação,
sem que fizesse um acompanhamento
psicológico de forma a prepará-la para o pior!
Lamentavelmente, a juíza substituta da 11ª Vara Federal,
Ana Carolina Dias Fernandes, sequer se dignou a cuidar verdadeiramente dos interesses superiores da criança, pois
se assim o fizesse não agiria com
tamanha crueldade com minha filha e comigo. A verdade, é que a magistrada Drª Ana Carolina Dias Fernandes,
foi precipitada, arbitrária e cruel. Por conta de uma liminar de antecipação de tutela ex officio, concedida
pela magistrada, e que passada algumas horas foi revogada pelo TRF, minha filha
hoje encontra-se em Portugal. O que sinceramente acho absurdo nessa decisão da
juíza, é como uma magistrada age de forma tão irresponsável , precipitada num
caso como esse, que envolve interesse de menor e além disso, envolve dois estados Brasil e Portugal. O
problema, é que embora tenha sido revogada a liminar, e ainda que haja uma
decisão do TRF que ordena o retorno imediato da menor ao Brasil, até a presente
data não foi cumprida a decisão. O Brasil não tem jurisdição em Portugal,
portanto as decisões existentes aqui no Brasil, não obrigam Portugal a
cumpri-las. Por conta disso, é necessário o envolvimento do Ministério das
Relações Exteriores, de todo um trabalho diplomático, para que se
viabilize o cumprimento da decisão e
assim, possibilite o retorno de minha filha ao Brasil.
Tenho consciência que não é uma
situação fácil, porém, tenho convicção que se houver boa vontade, interesse do
Estado brasileiro de agir com diligencia, tudo poderá se resolver da melhor
forma possível.
O que lamento profundamente, é
que por conta dessa trapalhada da magistrada, eu me veja privada do convívio
com a minha filha, dos carinhos, dos beijos, de poder abraçá-la e de dormir agarradinha com ela, como fazia todas as
noites. Lamento profundamente, que um processo
delicado, que envolve um desgaste emocional imenso, em que não há
vencedores, pois na realidade, todos
nós perdemos muito.
A verdade, é que minha filha foi tratada pela justiça brasileira como um
objeto, e não como um ser humano, que tem sentimentos e vontades. Maria Clara,
queria estar aqui no Brasil comigo e com a família dela. Aliás, ela afirmou
claramente isso para a psicóloga que foi designada para examina-la, e consta essa observação no laudo pericial. Por que a juíza não
levou em consideração a vontade de Maria Clara? Não é ela o elemento principal
desse processo?
A convenção de Haia prima pelo
interesse superior da criança, leva em consideração o bem-estar, a saúde física
e psíquica. Sinceramente, afirmo-lhe que minha filha não está feliz,
emocionalmente equilibrada estando
distante da mãe, da família, dos amigos que tem aqui no Brasil. Maria Clara
hoje é vítima de ALIENAÇÃO PARENTAL!!! Preocupo-me, com os traumas que podem
resultar desse processo de isolamento emocional que o pai da minha filha tem de
forma cruel e irresponsável, imposto a minha filha.
Sou MÃE de Maria Clara, carreguei no meu ventre durante longos e sofridos
meses. Passei a gravidez em cima da cama, com dores terríveis, pressão alta,
hemorragias, com um diagnóstico de hematoma na placenta, e além disso, o fato de ter perdido um bebê meses antes de engravidar de Maria, fez-me redobrar os cuidados. Além disso, o fato de na minha
primeira gravidez eu ter sofrido de pré-eclampsia foram longos e sofridos meses, de angústia, e medo de perder o bebê. A minha gravidez
foi de alto risco e ainda assim, com todo o sofrimento, tive a minha filha e
amei-a desde o primeiro instante, e embora
no dia 12 de agosto de 2005 tenham cortado o cordão umbilical que nos
unia, a verdade é que sempre estivemos juntas!
Acho importante que as crianças tenham bom relacionamento
com o pai, que convivam e que participem um da vida do outro. Mas mãe é um ser
especial, uma fonte inesgotável de amor, de vida. Dizem os antigos, que ser mãe
é padecer no paraíso. E eu completo;ser privado do amor de um filho, é como
se arrancassem-nos o coração do peito e levassem-no para bem longe. A gente
sobrevive, mas não vive!! Só há paz no coração de uma mãe quando temos o filho "perto dos olhos", porque perto do coração ele sempre há de estar.
E por falar em filha, lembrei-me
da minha mãe, que sempre está ao meu lado nos momentos mais difíceis, nas
alegrias e nas tristezas. Se não fosse o apoio dela, nesse momento tão sofrido,
com certeza não teria forças para
lutar. Minha mãe é uma força da natureza, e é ela que diante do meu sofrimento,
tem me passado vibrações positivas, fé em Deus e na justiça. Sem minha mãe, meu
caminho seria mais sofrido, o fardo que carrego seria ainda mais pesado, e esse
vazio que hoje sinto no peito, me faria sucumbir ao desespero.
As mulheres da minha família são
muito especiais, fortes, amorosas e também determinadas. Além disso, minha família
tem a religiosidade presente em todos
os bons e maus momentos das nossas
vidas. Aprendi com a minha avó a rezar todas as noites, pedir proteção a Deus e para Nossa Senhora, que
cuide de mim e livre-me de todo mal. Porém, desde que fui mãe, nas minhas orações
peço pelas minhas filha e pela minha família, e nem me lembro de pedir nada
para mim. Entendo que não tenho direito de pedir nada para mim, pois ao pedir
que Ele proteja as minhas filhas, na
realidade estou pedindo que Deus cuide da melhor parte de mim!