A INjustiça Federal da Bahia
"Contra legem facit, quid id facit quod lex
prohiber enfraudem vero, qui salvis verbis legis sententiam rius
circumveni"
("Age em fraude à Lei quem, respeitadas as suas palavras, contorne o seu sentido")
(Digesto, Livro I, Título III, de Legibus, de Paulus)
("Age em fraude à Lei quem, respeitadas as suas palavras, contorne o seu sentido")
(Digesto, Livro I, Título III, de Legibus, de Paulus)
No dia 19 de dezembro de 2011,
minha filha Mareia Clara Botelho Santana
por força de uma liminar de
tutela antecipada ex officio pela magistrada Ana Carolina Dias Lima Fernandes ,
da 11ª Vara Federal, oportunizando assim, que o genitor da minha filha, José
Eurico R. Santana embarcasse com minha
filha para Portugal.
O fato é que não houve sequer uma
audiência de conciliação, e nem me foi facultado a possibilidade de produzir
provas. Mais isso, o pedido de antecipação de tutela sequer tinha sido feito
pela União.
Passada algumas horas da
publicação da decisão liminar da referida juíza, a Defensoria Pública da União
na Bahia (PU/BA) recorreu da decisão e o Tribunal Regional Federal da 1ª Região
cassou a liminar, mas Maria Clara já havia saído do país.
A Defensoria Pública da União
constatou que a Secretaria de Direitos Humanos, a SDH só foi notificada do
cumprimento da ordem de busca e apreensão quando minha filha já havia deixado o
território nacional. A coordenadora da SDH Patrícia Lamego explicou em
comunicado que os pedidos de tutela
antecipada não são apresentados pela União nos casos que envolvem disputa de
menores entre Estados diferentes, salvo se a criança se encontrar em situação
de risco, o que não se verificou no meu
caso.
Segundo a coordenadora da SDH,
Patrícia Lamego“decisões de natureza
liminar, proferidas na primeira instância judicial, têm caráter precário e
podem inviabilizar a negociação de salvaguardas”.
Lamentavelmente, por conta de uma
decisão cruel e arbitrária, minha filha ainda se encontra em Portugal, e
embora já tenha sido solicitada a
intimação pessoal de José Eurico, as autoridades portuguesas sequer se
pronunciaram sobre a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que
revogou a decisão da 11ª Vara de Justiça Federal e que ordena o retorno
imediato da minha filha ao Brasil.
A DPU também solicitou ao
Ministério Público que caso a justiça acate o pedido, que seja movida uma ação
penal por crime de desobediência contra José Eurico. Além disso, a União,
através da Advocacia Geral da União (AGU) e da Secretaria de Direitos Humanos
tem notificado mensalmente o Estado português, porém não têm obtido qualquer
resposta.
Espero que as autoridades
portuguesas ajam pautadas pelo principio da reciprocidade que regem os
acordos internacionais e acatem a
decisão da justiça brasileira.
A Convenção de Haia prima, entre outros aspectos, pelo bem
estar da criança, pelo superior interesse do menor, o que infelizmente, não foi
observado pela magistrada ao proferir uma decisão precipitada e por conta
dessa arbitrariedade, uma criança de
apenas 6 anos de idade, vê-se envolvida nesse imbróglio judicial, penoso e
emocionalmente desgastante. Além disso, um laudo da perícia forense portuguesa,
constatou o sofrimento que minha filha tem passado por conta do violento
processo de alienação parental que tem sido imposto a ela por parte do genitor.
Embora esse laudo tenha sido produzido pela defesa de José Eurico numa ação que
move contra mim em Portugal, foi constatado pelo perito um forte processo de
Alienação Parental. A perícia destaca ainda,que Maria Clara sente medo do pai e
tem receio de manifestar a saudade e amor que sente por mim. Infelizmente, não
tenho recursos financeiros para defender-me das ações que o meu ex-marido move
contra mim em
Portugal. Lamentavelmente o Brasil não faculta apoio judicial
aos seus cidadãos em ações movidas contra eles em outros Estados.
Dia 19 de julho, completa-se 7
meses que minha filha foi brutalmente arrancada dos meus braços em enviada para
Portugal como se fosse um objeto, uma mercadoria que é despachada via correio.
Recentemente fui entrevistada por
uma revista de grande circulação nacional, que relatava o meu sofrimento e de
outros pais em busca de justiça. São relatos dolorosos de pais que encontram-se
privados do amor de seus filhos, e de filhos que são afastados dos pais e
mantidos incomunicáveis, como se fossem propriedade do outro genitor.
Durante todo esse longo e sofrido
período em que minha filha foi-me
retirada, só consegui vê-la umas quatro
ou cinco vezes, por pouco tempo, através do msn. Mesmo assim, Maria Clara,
sempre esteve ao colo do genitor, que manipulava as nossas conversas,
cochichava ao ouvido de minha filha fazendo-a sentir-se constrangida.
A verdade, é que nem em meus
piores pesadelos, pude sequer imaginar, que iria carregar um ser no meu ventre
durante 9 longos e deliciosos meses, e que daria luz a uma menina linda ,
saudável aqui no Brasil, no Hospital Aliança de Salvador, e que assim de
repente, a Justiça Federal Baiana iria arrancar a minha filha de mim e despacha-la a
toque de caixa, para Portugal.
Durante os dois últimos anos que
passei em Portugal, fui agredida física e moralmente pelo meu ex-marido,
inclusive fui internada no Hospital de Gaia em caráter de urgência. Sofri todo
tipo de humilhações racistas dele e principalmente da família dele, pelo fato
de ser brasileira e afro descendente. Vivia sobre permanente ameaça de que se o
deixasse, ele nunca mais teria notícias da minha filha (o que de fato ele tem
cumprido à risca). Suportei um fardo pesado por amor a minha filha e por medo
de que ele cumprisse as ameaças que me fazia.
Quando 2 anos depois de ter sido
proibida de vir ao Brasil, consegui chagar ao meu país, pensei que estaria a
salvo. Respirei aliviada, por enfim estar no meu país, com a minha família,
meus amigos, a minha gente.
O fato é que jamais poderia supor
que o meu algoz iria alcançar-me no meu pais, agredir-me mais uma vez, aqui no
Brasil. O que aconteceu com ele por conta das agressões??? Nada.
Além do meu caso, existem várias
outras mulheres brasileiras em situação igual a minha, sofrendo maus tratos e
humilhações, porém as autoridades brasileiras nada fazem para prestar qualquer
auxilio a essas mulheres. São abandonadas à própria sorte!
Que justiça é essa que premia a
violência , a intolerância, a tortura contra a mulher brasileira? É assim que
me sinto, traída pela justiça do meu país, que permitiu que um agressor
conseguisse continuar me ferindo, me torturando, só que dessa vez usando a
minha filha. Minha filha para meu
ex-marido é um instrumento que ele usa para me ferir, me magoar e infelizmente
eu e minha filha estamos passando por todo esse sofrimento, por culpa de uma
justiça tendenciosa, arbitraria e cruel. O Direito tem que andar de braços dados com
a justiça e não na contramão com o foi o meu caso e de tantas outras mães
brasileiras.
Atualmente, tenho sido procurada
por diversas mães brasileiras que estão passando por situações semelhantes à
minha, pedem ajuda, informações e socorro. Muitas já contactaram o consulado
dos países em que vivem, e não obtiveram qualquer ajuda das autoridades
brasileiras.
O que fazer senhores? O que essas
mulheres podem fazer para se defenderem , para se livrarem dos maus tratos dos
seus respectivos cônjuges? Se falarmos das mulheres que não tem filhos, a
solução é mais simples, mas e quem tem filhos, faz o que? Abandona os
filhos menores em outro país, e retorna
para o Brasil? Fica com o agressor e suporta todos os maus tratos, humilhações
e agressões por conta dos filhos?
Sinceramente, gostaria que as
autoridades brasileiras respondessem as minhas indagações, porque gostaria de
responder de forma plausível às dúvidas dessas mulheres que me contactam de
variados países.
Peço apenas, senhores, que
respondam com verdade, pautados na realidade e não em situações fictícias de um
mundo imaginário de quem desconhece a realidade dos brasileiros que vivem no
exterior.
Por fim, reitero o meu pedido às
autoridades brasileiras no sentido de atuarem com maior empenho no sentido de
através das vias diplomáticas, promoverem o retorno de minha filha Maria Clara
ao nosso país, como foi determinado pela justiça brasileira.
Por Adriana Rocha Botelho
http://justicamariaclara.blogspot.com.br/
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