sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

CORREIO | O QUE A BAHIA QUER SABER: Universitária conta como foi o dia em que o ex-marido levou sua filha para Portugal#.TvRY2NNP35g.facebook#.TvRY2NNP35g.facebook#.TvRY2NNP35g.facebook

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Universitária conta como foi o dia em que o ex-marido levou sua filha para Portugal

Ao receber a equipe do CORREIO, ontem, Adriana ainda refletia o resultado do choque sofrido após receber a ordem judicial para entregar Maria Clara ao pai

23.12.2011 | Atualizado em 23.12.2011 - 07:27
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Jairo Costa Júniorjairo.costa@redebahia.com.br
O Natal de Adriana Rocha Botelho não terá árvore, canções, bons velhinhos,  ceia farta. Na noite de amanhã, 24 de dezembro, a universitária baiana de 37 anos vai jantar drama, saudade e expectativa de, ao menos, ouvir uma voz calada para ela na última segunda-feira. Desde aquele dia, a estudante de Direito não tem notícias da filha de 6 anos, Maria Clara, levada para Portugal por seu ex-marido, o empresário José Eurico Rodrigues Santana.


Estudante não fala com a filha desde segunda, quando a garota foi levada para PortugalAo receber a equipe do CORREIO, ontem, Adriana ainda refletia o resultado do choque sofrido após receber a ordem judicial para entregar Maria Clara ao pai no consulado português em Salvador. Enquanto tentava dominar mãos e olhos, a estudante lembrava do susto recebido na manhã de 19 de dezembro. Por volta das 10h30, ela foi surpreendida com um telefonema da mãe, que avisava sobre a chegada de dois agentes da Polícia Federal e uma oficial de justiça em sua casa, na Vila Laura.

“Falei para minha mãe: ‘Como assim uma ordem judicial? Não houve audiência ainda, tempo para produção de provas. Não fui sequer ouvida, não tive nem direito ao contraditório. Nada, absolutamente nada’”, conta. A determinação que tirou de Adriana a guarda da filha era resultado de uma ação movida contra ela em março deste ano, na 11ª Vara da Justiça Federal na Bahia. O autor do processo era o próprio Estado brasileiro, que acatou pedido feito por Portugal, terra natal do empresário com quem a estudante se casou em 2003.

Duas horas antes de receber o baque pelo telefone, Adriana encontrou o ex-marido rapidamente, como ocorria quase todas as segundas-feiras. O português tinha ido à casa da estudante devolver Maria Clara. Por força de um acordo na Justiça estadual, a garota passava os fins de semana com o pai. Ela diz não ter percebido nada anormal no comportamento do empresário. A não ser a ausência de uma frase sempre dita nessas ocasiões. “Naquela hora, ele não falou ‘até sexta-feira’, como fazia”, relata.

Ao chegar em casa, Adriana deu banho na filha e a acompanhou até o consulado, na avenida Tancredo Neves, onde Santana aguardava a chegada de Maria Clara. A garota tentou ir ao encontro da avó materna, mas foi puxada pelo pai. “Precisou a intervenção da oficial, que mandou ele deixar minha filha se despedir da gente. No momento que a abracei, senti que ela estava amedrontada, com o corpo duro”, recorda. A partir daí, começava a batalha jurídica da universitária para reverter a decisão.

Também surpreendido, o advogado João Paulo Lordelo, da Defensoria Pública da União na Bahia (DPU), iniciou os procedimentos para cancelar a determinação. À tarde, o português já estava no Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro. Por volta da meia-noite, o desembargador José Amílcar Machado, do Tribunal Regional Federal (Brasília), suspendeu a decisão. Mas era tarde demais para que mãe e filha passassem o Natal juntas: no mesmo instante, o empresário e Maria Clara sobrevoavam o Oceano Atlântico rumo a Portugal.

“Na quinta-feira, nós fomos armar a árvore, o presépio, e minha filha estava toda animada para saber quais presentes iria ganhar. É a primeira vez que passamos o Natal separadas”, emociona-se, já sem conter olhos, mãos e a revolta pelo resultado de um tumulto pessoal iniciado após o nascimento de Maria Clara, em 2005. A estudante relata ter sido vítima de humilhações, ameaças e agressões praticadas pelo ex-marido e pela família do português, cujo temperamento é classificado por ela como “violento”.

Comportamento que motivou sua volta definitiva para o Brasil em dezembro de 2010 e a posterior acusação de ter sequestrado a filha, feita por Santana, descrito por Adriana como um homem rico e com influência na política portuguesa. A estudante lamenta o tratamento dado pela Justiça a uma brasileira e critica o fato de que a decisão tenha saído um dia antes do recesso judicial.

Para Lordelo, a data prejudicou a adoção de medidas para barrar a saída de Maria Clara, nascida em Salvador. O defensor público já enviou ofício para que a Justiça Federal inicie os contatos com os tribunais portugueses, na luta para repatriar a garota para o Brasil. “Queremos o mesmo empenho dado pelo Estado brasileiro (ao pedido de Portugal)”, afirma. Lorlelo diz não ter conhecimento de tanta rapidez no julgamento de caso semelhante no país. Mas, como diz uma canção eternizada pela portuguesa Amália Rodrigues, “tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é fado”.

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